Lá em cima era tudo mais plano. O Bairro foi construído num planalto para os trabalhadores do matadouro. Cada frontaria estava repleta de plantas vistosas. As pessoas acolheram-nos com carinho e simpatia.
Eu fiquei a desenhar a rua enquanto a Suzana foi retratar a Senhora Domingas. Já estava a meio do desenho quando da primeira Janela surgiu a Dona Maria do Carmo. Tinha de arranjar forma de a integrar no desenho.Surgiu assim uma janela fantasma no céu. Levantei-me e fui-lhe mostrar. Ficamos um pouco à conversa. Explicou-me que o seu marido tinha construído o barracão. Na altura era bombeiro e tinha muito jeito para arranjar coisas. Entretanto faleceu e o barracão ficou ao abandono.
Do outro lado a rua é mais um largo onde cada um estaciona o seu carro, O mais interessante é que no meu desenho o que chamou a atenção dos residentes foi uma pequena mancha amarela: "Que bonito, até desenhou o meu passarinho" disse uma das senhoras. Sabe bem perceber que é nas pequenas coisas que podemos fazer a diferença. Nesta altura era muito comum deixar de ver a Suzana. Quando isso acontecia sabia que estava na casa de alguém. Os meus desenhos despertavam sorrisos mas os retratos dela iam descobrindo o interior de cada um. Eram retratos demorados como muita conversa. E a Suzana era uma boa ouvinte.
5 comentários:
A escadaria está cinco estrelas
os desenhos digitalizados ficam logo outra coisa, mas ao vivo então :-) o Bairro Reis tratou-te bem e vice-versa. Abraço
Este ENcontro deve ter sido qualquer coisa!
Grande reportagem com desenhos incríveis!
Rparrot
Grandes desenhos. Gosto particularmente do primeiro.
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